sábado, 6 de setembro de 2025

Série: Nossos Prefeitos - Francisco de Vilar Horta

Francisco de Vilar Horta emerge dos anais da história do noroeste do estado de São Paulo como uma figura importante, ainda que muitas vezes discreta, na institucionalização da região em meados do século XX. A sua trajetória é singular, marcada por uma identidade dupla que o consagra tanto como um dos fundadores de Américo de Campos quanto como o primeiro prefeito nomeado de Votuporanga.

A jornada de Francisco de Vilar Horta começa longe do interior paulista. Ele nasceu em 14 de janeiro de 1899, na cidade de Japaratuba, estado de Sergipe. A sua origem nordestina é um dado biográfico fundamental, pois o insere no amplo contexto das migrações internas que caracterizaram o Brasil na primeira metade do século XX. 

A importância de Francisco de Vilar Horta para Américo de Campos precede a sua nomeação oficial como notário. Ele é listado entre os "colonizadores" que, por volta de 1920, apoiaram a fundação do patrimônio original, então chamado de Vila Botelho, ao lado de outras figuras fundadoras. 

Após o seu casamento em 1926, com a Sra. Alice de Almeida Silvares e mudança para a região, Francisco de Vilar Horta foi nomeado escrivão do Cartório de Registro Civil e Tabelionato de Notas. Ao longo de quase quarenta anos, de 1927 até ao seu falecimento em 1965, Horta foi o guardião da memória legal e civil de Américo de Campos.

Sua relação com a cidade de Votuporanga 

A ascensão de Votuporanga à condição de município, em 30 de novembro de 1944, através do Decreto-lei Estadual nº 14.334, ocorreu num momento político particular da história brasileira: os anos finais do Estado Novo (1937-1945). Sob o regime liderado por Getúlio Vargas, os prefeitos não eram escolhidos por voto popular, mas nomeados diretamente pelo Interventor Federal que governava o estado. A escolha de um líder para o novo município era, portanto, uma decisão técnica e política de alta esfera, que buscava um administrador capaz de estruturar o poder público local a partir do zero.

A nomeação de Francisco de Vilar Horta foi cercada de prestígio. Em 8 de dezembro de 1944, ele foi diplomado prefeito de Votuporanga numa cerimónia solene no Palácio dos Campos Elíseos, em São Paulo. A importância do evento é sublinhada pela presença de duas das mais altas autoridades do país: o próprio Presidente da República, Getúlio Dorneles Vargas, e o Interventor Federal em São Paulo, Dr. Fernando Costa. A escolha de um notário de uma cidade vizinha, mas com reputação ilibada, para esta tarefa, e a chancela do mais alto nível do governo, demonstram a confiança depositada na sua capacidade administrativa.

Tomou posse como primeiro prefeito de Votuporanga no dia 1 de janeiro de 1945, em cerimônia realizada na sede do Aeroclube. O seu mandato era claro e focado: instalar a máquina administrativa do novo município e preparar o terreno para a instalação da Comarca. Esta segunda e crucial meta foi alcançada em 13 de junho de 1945, com a nomeação do Dr. Nelson Ferreira Leite como primeiro Juiz de Direito.

Com a sua missão de estruturação concluída, Francisco de Vilar Horta foi exonerado "a pedido" em 13 de agosto de 1945. Transferindo o cargo para João Gonçalves Leite, que, mais tarde, se tornaria o primeiro prefeito eleito de Votuporanga. Esta transição marcou o fim da fase inaugural e puramente administrativa da cidade e o início da sua vida política autônoma, construída sobre as bases sólidas que Horta ajudou a estabelecer.

Posse do segundo prefeito escolhido. Na imagem a cerimônia de transmissão do cargo entre Francisco Vilar Horta e o novo prefeito nomeado João Gonçalves Leite 

Francisco de Vilar Horta faleceu em 2 de outubro de 1965. É importante destacar que ele exerceu a função de notário de Américo de Campos até ao fim da sua vida, reforçando a sua profunda e ininterrupta ligação com a cidade que o acolheu e onde construiu a sua carreira e família.

Nota do Autor:

Em consultas a registros antigos foi possível identificar que durante a função de Prefeito de Votuporanga o seu deslocamento da cidade residente Américo de Campos até Votuporanga era feito a cavalo, voltando a cidade aos finais de semana e retornando a Votuporanga na segunda logo pela manhã ficando até a sexta-feira.   

Homenagens

Em Votuporanga, a cidade que ele ajudou a nascer institucionalmente, o seu nome foi imortalizado na malha urbana. A Avenida Francisco de Vilar Horta, localizada no Bairro Patrimônio Novo, perpetuando a memória do primeiro administrador da cidade na sua própria estrutura física.

Homenagem do então vereador Luiz Garcia de Haro, em registros da época encontrado pelo pesquisador Ravel Gimenes; a viúva Dona Alice Horta descerrou a placa, mais tarde a avenida seria prolongada na administração do Prefeito Mario Pozzobon  

Em Américo de Campos, o seu lar por quatro décadas, a homenagem reflete a sua profunda inserção na vida comunitária. A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Francisco de Vilar Horta é uma das principais instituições de ensino da cidade. Localizada na Rua João Manoel Fernandes, nº 945, no centro, a escola é um ponto de referência cívico, servindo como local para eventos públicos e exames, e sendo uma peça central do sistema educacional do município. Esta homenagem, na cidade onde dedicou a maior parte da sua vida, celebra o seu legado como pioneiro e pilar da comunidade.

Francisco de Vilar Horta

EMEF - Francisco de Vilar Horta na cidade de Américo de Campos/SP

Texto: Produzido por Ravel Gimenes - Pesquisador e Fotógrafo 

domingo, 17 de agosto de 2025

Fósseis Ganham Vida em Nova Exposição em Fernandópolis

O Museu de Paleontologia de Fernandópolis inaugurou uma nova e vibrante exposição que promete conectar o passado pré-histórico com o presente através da arte. No último sábado, 16 de agosto, às 14h30, o museu deu as boas-vindas ao público para a inauguração do evento "Paleoarte no Museu", uma iniciativa que busca dar vida aos fósseis do acervo com entrada totalmente gratuita.

A peça central da inauguração é a apresentação de 11 novas obras de paleoarte. Essas peças não são meras representações artísticas; são réplicas cientificamente informadas e inspiradas diretamente nos fósseis que compõem a coleção do museu. O objetivo é oferecer aos visitantes uma janela visual para o passado, permitindo que imaginem como as criaturas que habitaram a região há milhões de anos realmente se pareciam, transformando ossos e rochas em representações vívidas da fauna antiga.     

Para enriquecer ainda mais a experiência, o evento contou com a presença do renomado paleontólogo e paleoartista Felipe Alves Elias, do Museu de Zoologia da USP e idealizador do projeto PaleoZOOBR. Elias participou de um bate-papo com o público na noite de sexta-feira, compartilhando seu conhecimento sobre a fauna pré-histórica brasileira e os processos de divulgação científica. 

Além da nova exposição de paleoarte, os visitantes poderão conferir réplicas de dinossauros, incluindo modelos inspirados em espécies que ganharam fama no cinema, como no filme Jurassic World.  

Baurusuchus pachecoi crocodilomorfo que viveu em nossa região há 80 milhões de anos

A iniciativa reforça a missão do Museu de Paleontologia de ir além de um simples repositório de fósseis, consolidando-se como uma instituição viva e dinâmica que promove a educação, a cultura e o turismo na região. No local mais de 100 fósseis coletados em várias regiões do Brasil estão disponíveis para visitação, entre eles o Baurussuquideo. O fóssil de peça inteira possuí 80 milhões de anos e foi encontrado na zona rural de Fernandópolis e Jales, em afloramentos de arenitos (piçarra).

Pesquisador Ravel Gimenes, o Paleoartista Felipe  Elias e o Idealizador do Museu Professor Carlos Eduardo 

A paleoarte é uma disciplina fundamental para a paleontologia, atuando como o "rosto da ciência" para o grande público. Enquanto os fósseis fornecem os dados brutos — ossos, dentes, ovos —, a paleoarte os interpreta e reconstrói, permitindo que hipóteses científicas sobre a aparência, o comportamento e o ambiente desses animais sejam testadas e visualizadas. É essa reconstrução artística que transforma um conjunto de ossos em uma criatura viva na imaginação do público, despertando a curiosidade e o interesse, especialmente entre os mais jovens. Ao investir em peças inspiradas em seu próprio acervo, o Museu de Fernandópolis não apenas enriquece sua exposição, mas também reforça a relevância de suas descobertas locais, mostrando que os "tesouros" sob o solo da região têm uma história fascinante para contar.

A história do Museu de Paleontologia de Fernandópolis é indissociável da trajetória de um indivíduo cuja paixão e perseverança foram a força motriz por trás de sua criação. O Professor Carlos Eduardo Maia de Oliveira, conhecido carinhosamente como "Cadú", não é apenas o curador ou diretor da instituição; ele é seu idealizador, o "caçador de dinossauros" local cuja cruzada pessoal transformou um tesouro científico em um patrimônio público.



Painéis que retratam a nossa região há 80 milhões de anos, produzidos pelo Paleortista Felipe Elias 

Visitantes em uma das salas do Museu

A iniciativa reforça a missão do Museu de Paleontologia de ir além de um simples repositório de fósseis, consolidando-se como uma instituição viva e dinâmica que promove a educação, a cultura e o turismo na região.

Serviço:

Endereço: Rua João Gosselein, 1470, Bairro Santa Rosa, Fernandópolis-SP (antiga estação ferroviária)

Telefone: (17) 3442-3797 

Horário de funcionamento:  de terça à sexta das 9h às 11h e das 13h às 17h | aos sábados das 13h às 18h | fechado às segundas

sábado, 16 de agosto de 2025

Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa de Olímpia

Inaugurado em 17 de dezembro de 2020, o Museu de Arte Sacra e Diversidade Religiosa da Estância Turística de Olímpia representa mais do que a adição de um novo equipamento cultural ao interior paulista. Ele se constitui como uma instituição pioneira, que redefine deliberadamente o escopo tradicional de um "museu de arte sacra" no Brasil. 

Sua missão dual é preservar o patrimônio artístico e, simultaneamente, promover ativamente um diálogo sobre a diversidade religiosa materializa uma declaração cultural significativa e oportuna em uma nação caracterizada por sua pluralidade de crenças. A proposta do museu, portanto, transcende a mera exibição de artefatos devocionais para se tornar um espaço de reflexão, aprendizado e tolerância.

Arquitetura: 

O Palacete Giosué Tonanni é um edifício datado de 1910, um período que marca o apogeu do ciclo do café em Olímpia e em grande parte do estado de São Paulo. Como tal, a edificação é um artefato arquitetônico que testemunha a prosperidade e o desenvolvimento social da cidade no início do século XX.

Sua importância foi oficialmente reconhecida com o seu tombamento como patrimônio histórico municipal, o que garantiu sua proteção legal e sublinhou seu valor como um bem cultural coletivo. Anteriormente ocupava o palacete: o Museu de História e Folclore "Maria Olímpia. Este museu, de grande importância para a identidade local, foi transferido para um novo prédio histórico anexo ao Recinto de Exposições e Praça de Atividades Folclóricas `Professor José Sant'anna'

Fachada do Palacete Giosué Tonanni 

Cruz da Fundação 

Marco Zero de Olímpia e Significado Histórico
Há 163 anos (ano de 1857), Antônio Joaquim Miguel dos Santos, primeiro cidadão a residir em Olímpia que, assim como outros mineiros, veio a São Paulo no século XVIII, na época da decadência do ouro, em busca de novas riquezas; ergueu próximo à sua casa de pau-a-pique denominada de Taperão uma cruz de madeira utilizada para sinalizar a posse de suas terras às margens do Ribeirão que ele denominou de Olhos D'Água (devido ao grande número de minas de água ali nascentes).

Significado Histórico
O gesto de "fincar a Cruz", um dos maiores símbolos do cristianismo, surgiu com a chegada dos portugueses no território brasileiro, quando Pedro Álvares Cabral, finca uma cruz, sinal da Coroa portuguesa naquele momento, para tomar posse oficial dessas terras em nome do Rei de Portugal D. Manoel I. Esse gesto configurou-se como a "possessão histórica", da nova terra, fundamento de domínio público que não precisava de documento.

Dessa forma o local que posteriormente seria chamado de Brasil, foi denominado primeiramente de Ilha de Vera Cruz (do latim, Verdadeira Cruz) e isso se deve pois Cabral e sua tripulação acreditavam carregar lascas da cruz em que Cristo foi crucificado. Por isso, devido a sua forte religiosidade, os portugueses batizavam as suas terras de Vera Cruz ou Santa Cruz, pois as embarcações menores acreditavam levar réplicas abençoadas da verdadeira cruz em seu interior.

E não diferente disto, Antônio Joaquim Miguel dos Santos, segue esta tradição de posse das terras locais, tornando-a uma possessão histórica.

Exposição "Crenças Asiáticas"


Vista na parte mais alta do sobrado

Dona Ilda Rosa e Alice Sofia (mãe e filha do autor)

quinta-feira, 24 de julho de 2025

Revitalização do Monumento aos Heróis de 1932

Em resposta a uma solicitação protocolada em maio de 2024 e à crescente repercussão sobre a necessidade de conservação, a Prefeitura de Votuporanga realizou a manutenção do monumento em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932. A ação visou preservar a memória dos combatentes e garantir que o marco histórico estivesse em condições adequadas para as celebrações do 9 de Julho.

O pedido formal para a revitalização do monumento, localizado na Praça Nove de Julho, foi apresentado pelo historiador Ravel Gimenes, que destacou a importância da manutenção do memorial para as gerações presentes e futuras. A iniciativa de Gimenes ecoou na comunidade local, gerando debates e chamando a atenção do poder público para o estado de conservação do obelisco.

Em artigos e publicações, a imprensa local, como o jornal "A Cidade de Votuporanga", também ressaltou a relevância do monumento e a história dos cidadãos votuporanguenses que participaram do movimento armado de 1932, reforçando a necessidade de cuidados com o patrimônio.



quinta-feira, 17 de julho de 2025

Jornal A Cidade repercute solicitação de revitalização

Jornal A Cidade de Votuporanga repercute a solicitação realizada à prefeitura de Votuporanga para revitalização do monumento em homenagem aos heróis da Revolução Constitucionalista de 1932, conhecido como Obelisco Praça Nove de Julho.

    Fonte: Jornal A Cidade de Votuporanga 09/07/2025

sexta-feira, 4 de julho de 2025

Área da Unidade Territorial Votuporanga

Este número representa a área geográfica total do município de Votuporanga em quilômetros quadrados.

Votuporanga possui uma área territorial total de 420,703 km² em 2024. Isso a posiciona em uma faixa de tamanho média a superior quando comparada a outros municípios no estado de São Paulo e em nível nacional. Dentro de sua região geográfica imediata, é um dos municípios maiores, embora não o maior absoluto.

    Fonte: IBGE

Área urbanizada de Votuporanga

Esta é a extensão total do território municipal que é considerada urbanizada, ou seja, com construções, ruas, infraestrutura urbana.
Uma área urbanizada de 25,65 km² para uma cidade com população que já ultrapassa os 100 mil habitantes (considerando o crescimento desde 2019 até 2025) sugere uma cidade que tem se expandido horizontalmente. Essa expansão exige um planejamento urbano eficaz para garantir que a infraestrutura (água, esgoto, energia, ruas, transporte) acompanhe o crescimento da mancha urbana.

    Fonte: IBGE

Média Salarial Votuporanga

Votuporanga apresenta um salário médio mensal para trabalhadores formais de 2,1 salários mínimos em 2022. Esse valor a posiciona de forma intermediária a superior quando comparada a outros municípios no Brasil e no estado de São Paulo, e entre as melhores na sua região geográfica imediata.

A cidade tem uma parcela significativa da população ocupada (36,46%, correspondendo a 35.228 pessoas), o que indica uma boa taxa de empregabilidade formal.

O dado sobre o percentual da população com baixa renda (rendimento per capita de até meio salário mínimo) é de 2010 e mostra que, naquela época, 26,6% da população de Votuporanga se enquadrava nessa faixa. Para uma análise mais atualizada, seria necessário um dado mais recente.

O mapa da densidade demográfica do estado de São Paulo, que na verdade aqui está representando o salário médio mensal, mostra que a região de Votuporanga (marcada com um pino vermelho) se enquadra na categoria de até 2,2 salários mínimos (cor azul claro na legenda).

    Fonte: IBGE

terça-feira, 24 de junho de 2025

Densidade Demográfica de Votuporanga

Os dados do Censo IBGE 2022 confirmam 96.634 habitantes. No entanto, estimativas mais recentes (2024) já indicam que Votuporanga ultrapassou a marca de 100.000 habitantes (100.159 pessoas). Isso demonstra um crescimento populacional contínuo e significativo para a cidade.

    Fonte: IBGE 

Dados IBGE para Votuporanga

A cidade, possui uma área territorial de 420,703 km² e uma densidade demográfica de 229,7 habitantes por km². A população apresenta um perfil maduro, com idade mediana de 38 anos. Quanto à composição racial, a maioria dos habitantes se declara branca (64.359), seguida por parda (26.340), preta (4.999), amarela (881) e indígena (50).

Um dos dados que mais chama a atenção é a frota de veículos, que em 2024 atingiu 97.826 unidades. O número é praticamente equivalente ao total de habitantes, indicando uma alta taxa de motorização e colocando a cidade na 62ª posição estadual neste quesito. O dinamismo econômico também se reflete no PIB per capita, que em 2021 era de R$ 40.190,41.

Economia e Infraestrutura:

PIB per capita (2021): R$ 40.190,41.

  • Ranking no país: 1.427º de 5.570.
  • Ranking no estado: 224º de 645.

Frota de Veículos (2024): 97.826 veículos.

  • Ranking no país: 197º de 5.570.
  • Ranking no estado: 62º de 645.

Indicadores Sociais e Educação

  • Mortalidade Infantil (2022): 10,25 óbitos por mil nascidos vivos.
    • Ranking no país: 2.978º de 5.570.
    • Ranking no estado: 304º de 645.
  • Casamentos (2023): 574 casamentos.
    • Ranking no país: 260º de 5.570.
    • Ranking no estado: 78º de 645.
  • Divórcios Judiciais (2023): 289 divórcios.
    • Ranking no país: 177º de 5.570.
    • Ranking no estado: 66º de 645.
  • IDEB (2023) - Anos finais do ensino fundamental (rede pública): Nota 5,6.
    • Ranking no país: 544º de 5.570.
    • Ranking no estado: 102º de 645.